Num post recent do Blog CINEdrio, o seu autor Luís Mendonça, teve a interessantíssima ideia de reunir críticos do actual serviço público, designadamente da programação cinematográfica da RTP2, e iniciar uma petição que questione essas escolhas (ou ausência delas).
Num momento da minha vida em que por motivos profissionais me encontro em Amesterdão, a falha cívica de não ter um serviço público nacional com interesse na sétima arte já me interessou mais. Há tacanhices que, agora à distância confortável de milhares de quilómetros, me parecem irremediáveis. No entanto, decidi juntar-me ao movimento sobretudo por aquilo que Miguel Domingues do In a Lonely Place, outros dos peticionários à data, aponta como o principal defeito da RTP2 (e porque não de todo o serviço público?): o de considerar toda a sua própria actividade como "positiva". De acordo. Negativa não será. Mas isso chega?
Vivemos na civilização da imagem, é um facto. E, pela sua fácil acessibilidade, elas, as imagens, parecem estar todas ao mesmo nível, chegar-nos aos olhos com a mesma qualidade. O que se assacava ao “lixo televisivo” multiplica-se agora por inúmeros outros formatos e ecrãs. Se todos temos que medir as nossas palavras em sociedade, porque é que não precisamos também de “medir as nossas imagens”?
É aqui que um serviço público, enquanto privilegiada plataforma de comunicação social, tem de assumir essa educação, esse estímulo: é preciso que este ensine as pessoas a ler as imagens e a definir o seu alcance, o seu poder.
O facto de tudo estar acessível noutros formatos e da internet ser o local privilegiado de acesso a conteúdos audiovisuais, não isenta o serviço público de orientar as pessoas, com critérios que não são, não podem ser, (valha-nos Deus), o da concorrência económica.
Chris Anderson, especialista em new media e autor de “Free: The Future of Radical Price” (livro sobre a era do acesso gratuito de quase tudo pela internet), refere que “se no passado interessava procurar, no futuro é encontrar e seleccionar que é preciso”. É esta tarefa de filtro, de ajuda à selecção, de estímulo, que os responsáveis pela exibição cinematográfica em espaços públicos têm de tomar como principal norte da sua actuação.
É contudo verdade que há cada vez menos pessoas a ver cinema na televisão. Os filmes estão noutros sítios, noutros formatos. Mas aqui é preciso ser inteligente. Se os filmes são grátis, ou de fácil acesso, porque não dar ao espectador aquilo que ele não consegue ir buscar sozinho? Isto é, acompanhamento, contextualização, critério nas escolhas, interacção, etc, etc. Aliás, essas foram as principais razões do sucesso de programas televisivos dedicados ao cinema como “5 noites, 5 filmes”, ou Fuori orario de Enrico Ghezzi em Itália.
Por tudo isto, paremos de nos enganar a nós próprios sobre o serviço público de “excelência” que temos, que é inventivo, que faz o que pode, que é alternativa. Isso é negar o óbvio: o serviço público em Portugal não tem critérios aceitáveis de qualidade e instrução.
É necessário sim conceber um projecto sério, criativo, coerente, que, embora tendo em conta as claras limitações económicas inerentes à gestão de um serviço público de um país pobre como o nosso, leve a sério a PROMOÇÃO, o ENSINO, o AMOR pelo cinema e audiovisual.
Se estiverem interessados em contribuir para mudar este panorama desolador juntem-se à nossa petição, comentando aqui, promovendo nos vossos espaços ou enviando um mail com nome completo, idade, mail, local de residência e mais o que quiserem para peticaortp2@hotmail.com. O nosso objectivo é criarmos uma espécie de mailing list para lançar a petição num futuro próximo. Juntos vamos mudar isto.
Num momento da minha vida em que por motivos profissionais me encontro em Amesterdão, a falha cívica de não ter um serviço público nacional com interesse na sétima arte já me interessou mais. Há tacanhices que, agora à distância confortável de milhares de quilómetros, me parecem irremediáveis. No entanto, decidi juntar-me ao movimento sobretudo por aquilo que Miguel Domingues do In a Lonely Place, outros dos peticionários à data, aponta como o principal defeito da RTP2 (e porque não de todo o serviço público?): o de considerar toda a sua própria actividade como "positiva". De acordo. Negativa não será. Mas isso chega?
Vivemos na civilização da imagem, é um facto. E, pela sua fácil acessibilidade, elas, as imagens, parecem estar todas ao mesmo nível, chegar-nos aos olhos com a mesma qualidade. O que se assacava ao “lixo televisivo” multiplica-se agora por inúmeros outros formatos e ecrãs. Se todos temos que medir as nossas palavras em sociedade, porque é que não precisamos também de “medir as nossas imagens”?
É aqui que um serviço público, enquanto privilegiada plataforma de comunicação social, tem de assumir essa educação, esse estímulo: é preciso que este ensine as pessoas a ler as imagens e a definir o seu alcance, o seu poder.
O facto de tudo estar acessível noutros formatos e da internet ser o local privilegiado de acesso a conteúdos audiovisuais, não isenta o serviço público de orientar as pessoas, com critérios que não são, não podem ser, (valha-nos Deus), o da concorrência económica.
Chris Anderson, especialista em new media e autor de “Free: The Future of Radical Price” (livro sobre a era do acesso gratuito de quase tudo pela internet), refere que “se no passado interessava procurar, no futuro é encontrar e seleccionar que é preciso”. É esta tarefa de filtro, de ajuda à selecção, de estímulo, que os responsáveis pela exibição cinematográfica em espaços públicos têm de tomar como principal norte da sua actuação.
É contudo verdade que há cada vez menos pessoas a ver cinema na televisão. Os filmes estão noutros sítios, noutros formatos. Mas aqui é preciso ser inteligente. Se os filmes são grátis, ou de fácil acesso, porque não dar ao espectador aquilo que ele não consegue ir buscar sozinho? Isto é, acompanhamento, contextualização, critério nas escolhas, interacção, etc, etc. Aliás, essas foram as principais razões do sucesso de programas televisivos dedicados ao cinema como “5 noites, 5 filmes”, ou Fuori orario de Enrico Ghezzi em Itália.
Por tudo isto, paremos de nos enganar a nós próprios sobre o serviço público de “excelência” que temos, que é inventivo, que faz o que pode, que é alternativa. Isso é negar o óbvio: o serviço público em Portugal não tem critérios aceitáveis de qualidade e instrução.
É necessário sim conceber um projecto sério, criativo, coerente, que, embora tendo em conta as claras limitações económicas inerentes à gestão de um serviço público de um país pobre como o nosso, leve a sério a PROMOÇÃO, o ENSINO, o AMOR pelo cinema e audiovisual.
Se estiverem interessados em contribuir para mudar este panorama desolador juntem-se à nossa petição, comentando aqui, promovendo nos vossos espaços ou enviando um mail com nome completo, idade, mail, local de residência e mais o que quiserem para peticaortp2@hotmail.com. O nosso objectivo é criarmos uma espécie de mailing list para lançar a petição num futuro próximo. Juntos vamos mudar isto.
"Se todos temos que medir as nossas palavras em sociedade, porque é que não precisamos também de “medir as nossas imagens”?"
ResponderEliminarNa mouche!
Apoadíssimo. Peço-te a ti Carlos e a ti Miguel para mandarem para o endereço da petição os vossos mails e informações pedidas - estou a fazer uma base de dados com os subscritores base.
ResponderEliminarAbraços e avante!