terça-feira, 30 de outubro de 2018

Sandes de merda

Quando a falta de amor faz crack

domingo, 28 de outubro de 2018

Na grelha

"Na "Legenda Áurea", Tiago de Voragine conta a história da morte de São Lourenço - que, aliás, morreu por causa de uma piada. Décio, não sei de por ganância ou necessidade, ordenou a Lourenço que lhe trouxesse o tesouro da igreja. O diácono percorreu a cidade e arrebanhou todos os doentes e pobres que conseguiu encontrar. Depois apresentou-se perante o imperador com esse exército de desgraçados e disse: «Cá está. É este o tesouro da igreja.» O imperador não achou graça e condenou-o a uma morte macabra: Lourenço morreu queimado numa grelha. E reza a lenda que as suas últimas palavras foram qualquer coisa como: «Este lado já está. Podem virar.»
in "A Doença, o sofrimento e a morte entram num bar" de Ricardo Araújo Pereira.

Halloween é sempre que o mal quiser




De facto já o esperava. Este "Halloween" de David Gordon Green é bastante chocho. Não me entendam mal, eu creio que a personagem de Carpenter tem a força suficiente para aparecer a cada 31 de Outubro, o mal renovado por sobre uma máscara branca e inexpressiva. Aliás, basta olhar à volta para ver esse eterno retorno. Um dos problemas desta abordagem de Green é que, na vontade de regressar/actualizar Michael Myers, enrola-se numa história desnecessária de um par de jornalistas (que servem um pouco como aquela carne para canhão que apenas vem reabrir a porta a um universo), perde tempo com detalhes da backstory da filha de Curtis, engendra em demasia o final em formato "female empowerment" (que é, de resto, um dos motivos, não o único, que contribui para um certo envelhecimento, diria mesmo impotência, da presença de Myers). Mas há mais coisas a mais: o menino a quem uma das adolescentes faz babysitting é o comic relief, a inabilidade narrativa para lidar com a fetichização da icónica máscara, mesmo um certo overacting de Curtis, apesar desta ser, em formato "war maverick", um dos pormenores interessantes deste regresso. Para utilizar uma metáfora poderia dizer que o filme de Green está demasiado preocupado em construir um mundo expressivo à volta da inexpressão do mal, ao ponto de ir, em travelling lento, expulsando o mal de um próprio filme sobre o mal. Paradoxo, ou talvez nem tanto. Este "Halloween" assemelha-se um pouco a um produto que tivesse sido objecto de aturado controlo sanitário, escrito com um olho na narrativa e outro na ASAE. Mas nem tudo é mau. O que mais me agrada neste regresso, além dos momentos em que se procura tecnicamente evocar o original - por exemplo, o plano sequência que vai do martelo à faca, na matança na vizinhança em plena noite de Halloween- são os pequenos indícios que temos de uma certa multiplicação do mal. Quer na personagem de médico de Myers, que quer sentir o que o seu paciente sente ao matar, quer na própria obsessão de Curtis, convertida num duplo não menos violento e indestrutível do seu irmão. Contas feitas, o "Halloween" de Rob Zombie, de 2007, continua a ser o melhor regresso à saga desde os anos oitenta.

domingo, 21 de outubro de 2018


quinta-feira, 11 de outubro de 2018



Pode resumir-se assim o último Greengrass: na primeira metade, uma implícita exploração da carnificina; na segunda uma explícita exploração da gelatina. No final de contas talvez agrade a Bolsonetes ou a saudosistas da série "24". Para os outros resta apenas a pergunta: porquê 2h:23m, porquê? Que tortura macaca.

sábado, 6 de outubro de 2018

#1 On the Pulse of Morning

A Rock, A River, A Tree
Hosts to species long since departed,
Marked the mastodon.

The dinosaur, who left dry tokens
Of their sojourn here
On our planet floor,
Any broad alarm of their hastening doom
Is lost in the gloom of dust and ages.

But today, the Rock cries out to us, clearly, forcefully,
Come, you may stand upon my
Back and face your distant destiny,
But seek no haven in my shadow.

I will give you no hiding place down here.

You, created only a little lower than
The angels, have crouched too long in
The bruising darkness,
Have lain too long
Face down in ignorance.

Your mouths spilling words
Armed for slaughter.

The Rock cries out to us today, you may stand upon me,
But do not hide your face.

Across the wall of the world,
A River sings a beautiful song,
It says come rest here by my side.

Each of you a bordered country,
Delicate and strangely made proud,
Yet thrusting perpetually under siege.

Your armed struggles for profit
Have left collars of waste upon
My shore, currents of debris upon my breast.

Yet, today I call you to my riverside,
If you will study war no more. Come,

Clad in peace and I will sing the songs
The Creator gave to me when I and the
Tree and the rock were one.

Before cynicism was a bloody sear across your
Brow and when you yet knew you still
Knew nothing.

The River sang and sings on.

There is a true yearning to respond to
The singing River and the wise Rock.

So say the Asian, the Hispanic, the Jew
The African, the Native American, the Sioux,
The Catholic, the Muslim, the French, the Greek
The Irish, the Rabbi, the Priest, the Sheikh,
The Gay, the Straight, the Preacher,
The privileged, the homeless, the Teacher.
They all hear
The speaking of the Tree.

They hear the first and last of every Tree
Speak to humankind today. Come to me, here beside the River.

Plant yourself beside the River.

Each of you, descendant of some passed
On traveller, has been paid for.

You, who gave me my first name, you
Pawnee, Apache, Seneca, you
Cherokee Nation, who rested with me, then
Forced on bloody feet, left me to the employment of
Other seekers--desperate for gain,
Starving for gold.

You, the Turk, the Arab, the Swede, the German, the Eskimo, the Scot ...
You the Ashanti, the Yoruba, the Kru, bought
Sold, stolen, arriving on a nightmare
Praying for a dream.

Here, root yourselves beside me.

I am that Tree planted by the River,
Which will not be moved.

I, the Rock, I the River, I the Tree
I am yours--your Passages have been paid.

Lift up your faces, you have a piercing need
For this bright morning dawning for you.

History, despite its wrenching pain,
Cannot be unlived, but if faced
With courage, need not be lived again.

Lift up your eyes upon
This day breaking for you.

Give birth again
To the dream.

Women, children, men,
Take it into the palms of your hands.

Mold it into the shape of your most
Private need. Sculpt it into
The image of your most public self.
Lift up your hearts
Each new hour holds new chances
For new beginnings.

Do not be wedded forever
To fear, yoked eternally
To brutishness.

The horizon leans forward,
Offering you space to place new steps of change.
Here, on the pulse of this fine day
You may have the courage
To look up and out and upon me, the
Rock, the River, the Tree, your country.

No less to Midas than the mendicant.

No less to you now than the mastodon then.

Here on the pulse of this new day
You may have the grace to look up and out
And into your sister's eyes, and into
Your brother's face, your country
And say simply
Very simply
With hope
Good morning.


Maya Angelou


quinta-feira, 4 de outubro de 2018

Ciclo "#Elenão O cinema brasileiro na era neo-liberal"


Sexta às 19:30 na Casa do Brasil de Lisboa vou estar com Guilherme Sarmiento à conversa sobre os filmes "Edifício Master" de Eduardo Coutinho e "E" de Alexandre Wahrhaftig, Helena Ungaretti e Miguel Antunes Ramos. O ciclo "#Elenão O cinema brasileiro na era neo-liberal" é coorganizado pela Aniki: Revista Portuguesa da Imagem em Movimento e pelo CineSur . microcine latino.americano de Lisboa. Apareçam!