
Tudo começou com a máquina do cinema a ser posta em movimento na direcção errada:
-o cineasta filmava um documentário sobre James Grigson, um psiquiatra forense com a alcunha de Doctor Death que havia testemunhado até à data em mais de 100 casos dos quais resultaram outras tantas condenações dos arguidos à morte. Numa das entrevistas, ouviu Griegson testemunhar sobre Randall Addams, um jovem de 28 anos que em Novembro de 1976 fora acusado de homicídio de um polícia. Dr. Death apelou então à sua condenação à morte, claro, falando da sua personalidade maléfica e como era um erro mantê-lo vivo. Errol não acreditou na culpabilidade de Randall e daí o citado documentário. Nos próximos tempos começou a investigar este caso que tinha na prisão e a aguardar execução um possível inocente. Em liberdade, uma muito duvidosa testemunha de acusação/suspeito, um jovem de 16 anos, David Harris, a quem pertencia a arma do crime e que supostamente seguia na mesma viatura com Randall quando foram mandados parar pela polícia e se deu o homicídio.

Mas o melhor ainda estava para vir. Um ano após o lançamento do filme, Randall é libertado da prisão por acção directa das teorias expostas no documentário. Dir-se-ia que o sonho de qualquer documentarista, de lutar pela mudança de um mundo mais justo, tinha aqui face bem visível. Os conflitos com o cineasta pelos direitos da história de vida de Randall arrastaram-se após a saída deste da prisão. Por todos estes motivos, The Thin Blue Line está rodeado de polémica e de elementos de reflexão que por si só exigem um visionamento.

Morris, que define o seu filme como um "non fiction twilight zone episode", não acredita que tenha havido teoria da conspiração para se incriminar um inocente, mas sim que era mais conveniente para todas as partes envolvidas que aquele tivesse sido o desfecho final. Que a máquina da justiça foi simplesmente posta em movimento na direcção errada e que depois foi já muito difícil pará-la. Felizmente com o cinema é diferente.
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