sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

As imagens que se seguem


Volta e meia esbarro com a expressão "as imagens que se seguem podem ferir a sensibilidade dos espectadores mais sensíveis". Expressão que, como sabemos, não quer dizer absolutamente nada e tem tanta eficácia quanto o poema "fumar mata". Fumar também pode ferir a sensibilidade dos fumadores mais sensíveis, assim como as imagens também podem matar, por isso dá para ver o grau de seriedade da coisa. O que me pergunto é se a expressão "as imagens que se seguem podem ferir a sensibilidade dos espectadores mais sensíveis" não deveria vir já com a própria televisão, dando-se o caso de adquirirmos uma. É que as imagens que se seguem, quaisquer que sejam, sobretudo as mostradas na televisão, com elevado grau de certeza hão-de ferir a sensibilidade dos espectadores mais sensíveis. Sensíveis, isto é, com os olhos abertos, aqueles que não estão a cagar da mente ao final do dia (pois a estes tanto se lhes dá ver uma criança lá longe a ser esquartejada ou o Marcelo ali em Custóias a tocar xilofone). Para os espectadores ditos "sensíveis" (no sentido de sentirem alguma coisa que seja), a imagem que se segue não pára de ferir a sensibilidade. Porque é pornográfica e porque é, simplesmente, má. Por isso, autocolantezinho no cimo dos aparelhos com o dizer "as imagens que se seguem hão-de ferir a sensibilidade dos espectadores mais sensíveis". Pode ser que a moda pegue. Como os pirilampos mágicos. Afinal de contas, é Natal.

Sem comentários:

Enviar um comentário