quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

He Fengming, 2007 (9/10)


Já lá vai mais de uma década. Estava a estudar cinema no conservatório, todo contentinho da vida, quando integrei o júri universitário do Doclisboa. Por lá passou este "He Fengming" de Wang Bing, mais de três horas de uma senhora em planos fixos a contar a sua história de vida. Memória que no fundo é a história de muitas décadas da China, inclusive do período da revolução. Os minutos deste "ovni" iam passando, a claridade ia baixando, o brilho nos óculos da senhora ia esvoaçando por aqui e por acolá. O que sempre me deslumbrou neste filme é o poder de transformar a nossa sala (de cinema, de estar) numa salinha daquelas aconchegadas com lareira, cheiro a terra e fumo, no qual a nossa avó nos contava histórias e nós íamos bebendo do seu cinema, da sua vida épica cheia de aventuras e à espera, pacientemente, de ser a nossa vez de entrar em acção. Isto é, de contar, de fazer cinema da nossa vida.

1 comentário:

  1. fónix, que texto mais lindo!!!

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    (e o quanto eu quis estar no ligar do estudante de cinema no conservatório.....................)

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    (buábuábuá :(

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