quinta-feira, 20 de maio de 2010
Lebanon - Samuel Maoz
Provavelmente o adjectivo que aleija menos, o mais consensual, que poderá definir Lebanon de Samuel Maoz, é poderoso. Por certo, será. Mas em que sentido? Lebanon é poderoso na medida em que carrega consigo imagens de horror e com elas a evidência. A evidência da Guerra ser esse próprio horror.
Se isto é um dado longíssimo de ser exclusivo do filme de Samuel, antes uma bandeira do género em causa, o que resta para Lebanon? Resta o seu “jackpot", a tradução visual interessante da experiência do realizador na Guerra do Líbano. Todo o filme se passa no interior de um tanque e o exterior, a ele acedemos apenas pela mira do próprio tanque. Estão encontradas as traduções directas: a claustrofobia emocional da experiência num só espaço confinado e, e aqui reside provavelmente a razão de Lebanon ter vencido o festival de Veneza, o lá fora é visto através da mira de uma arma, ou de uma câmara. Ou precisamente, em Lebanon, estes são o mesmo.
Esteticamente o filme de Maoz põe-se desta forma a jeito para atingir o espectador de forma original. No entanto, o perigo de uma ideia original como a citada, pode ser, e em Lebanon é, uma manifesto de impotência dramática (as personagens no interior do tanque são todas estereótipos) e pior, sinal de uma falta de visão artística (se no interior não há drama que chegue para tanto trauma, no exterior existem imagens cujo único filtro é a espectáculo impossível de uma guerra).
Depois é o problema de sempre. Lebanon é um filme demasiado colado à pele e os equilíbrios do que se pode/deve mostrar saem afectados. O filme tem de se retrair de forma, no mínimo, inesperada, depois de nos ter feito retorcer. E retorcemos. Mais concretamente até aos 17 minutos com aquele cavalo esventrado no meio da rua com lágrimas a correr pelo rosto. Depois disto, faça o que Maoz fizer, Lebanon já “acabou”. Não tem mais para onde ir.
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