Raccords do Algoritmo #22: Perdidos no território da imagem
Numa das primeiras edições desta crónica escrevia sobre esta excitação da cinefilia nos ir permitindo abrir uma série de portas, por detrás das quais moravam as imagens do desconhecido. Mas neste percurso, ora ordenado, ora errático, vamos precisando de mapas que nos guiem na exploração do território do cinema. Mesmo que sejam para nos perder, mesmo que sejam assunto de “impossíveis cartografias”, para referir o subtítulo de um interessante livro de Michael Goddard dedicado ao cinema de Raúl Ruiz. A dada altura de The Territory (O Território, 1981), as duas famílias de turistas americanos perdidos nos bosques, que ocupam o centro do enredo deste filme do mestre chileno, encontram um mapa. Este representa uma dessas cartografias-paradoxo. Nele está desenhada uma cabeça que representa o parque onde estão. E dentro da cabeça está a província que contém o parque, dentro da província o país, e dentro do país a Europa, que por sua vez contém o Mundo. Mas dentro do Mundo, claro, está a Europa e dentro desta o país e depois a província e depois o parque onde estão… Ou seja, quanto mais para fora, mais para dentro e quanto mais fundo mais à superfície.
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