O argumentista original da trilogia SCREAM, Kevin Williamson já tinha percebido dos efeitos salvíficos da técnica da estrutura metanarrativa a propósito de SCREAM 3. Agora, mais de dez anos passados, no quarto segmento da história, essa metanarratividade explode como único elemento irónico, actual, que é capaz de trazer o filme para 2011. Contudo, esse sintoma de reavivar a bitchness pós-moderna dos espectadores actuais (que sendo tão «superiores» aos que foi aquilo tudo no passado ainda vão ao cinema ver partes quatro de coisas) acaba por não ser suficiente para salvar um filme cujo dilema temporal em que vive é de somenos importância quando comparado com o que trai o autor de THE HILLS HAVE EYES. A preocupação de alguém que sabe perfeitamente onde começou a vaga dos slasher movies, da importância de HALLOWEEN, de John Carpenter ou, como é repetido até à exaustão, a mecânica deste tipo de filmes, inclusive sequências clichet, ordem das mortes, etc, saberá perfeitamente que o limbo de SCREAM se produz na incapacidade de levar as suas sequelas no trilho do primeiro filme. Isto é um lugar-comum claro. Contudo, neste caso, produziu-se um efeito estranho: o assassino do primeiro filme era uma personagem que não inspirava o riso e que com a opção dos filmes seguintes se transformou numa caricarura, de identidade circulante, à la Scoobie Doo, que dispensava os conhecidos spoofs SCARY MOVIE, algo que até os próprios filmes seguintes verbalizaram sob o nome Stab. Este é um primeiro sinal de que as opções tomadas nos finais dos sucessivos filmes iam esgotando as opções narrativas surgindo cada vez mais a necessidade de um meta-discurso.
Também inexplicavelmente foram sobrevivendo sucessivamente uma tríade de personagens perfeitamente inconsequentes (Neve Campbell, Courteney Cox, David Arquette) que, à excepção da protagonista, não fazem avançar a acção, só estão lá para preencher os espaços e o tempo, adensando o vazio em que se produzem as mortes, os motivos, os set ups. Por fim, essa incapacidade de escolher entre ser um filme de terror que não inspira o riso e uma auto-paródia que faz de se olhar ao espelho o seu assunto, é evidenciado na forma como essa estratégia narrativa serve como gadget final que produz uma linguagem de escrita que rima na perfeição com os chats, blogs, câmaras, sms, telemóveis, de que SCREAM IV está cheio. É aparentemente nesta voragem da comunicação, neste olhar para teclas, ecrãs, lentes, que a morte analógica, essa, feita de sangue, motivos, tripas, só pode surgir desritualizada, passé, como coisa chata que acontece nos intervalos dessa animalidade comunicante. Dessa animalidade tecnológica o medo é só um: o off.
Perder leitores por fazer uma boa análise a um filme?
ResponderEliminarEra uma pequena brincadeira por causa do filme em causa
ResponderEliminareu ainda n assisti de medo, agora entao meu medo de nao conseguir ficqr dentro da sala do cinema e ver a parodia até o fim deve ser justo.
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