sexta-feira, 31 de março de 2017

Abismos

Publicar textos, frases, o que seja, em digital parece revestir a forma de certos lançamentos vigorosos para o abismo. Tudo fica disponível - para sempre? até quando? - e as palavras caem, uma a uma, até formar frases, despenhadas, a florir na escuridão. E o som que fazem, ao chegar ao fim desse abismo, é nenhum, porque não sabemos sequer se o abismo tem fim, ou se é apenas o silêncio próprio que fazem os grandes abismos, esses que, como Nietzsche advertiu, nos olham por vezes de volta, marotos, sedutores.

2 comentários:

  1. Gosto muito dessa analogia. Acrescento uma outra que me serve opinião: as palavras duram o tempo da memória. Tão (aparentemente) simples quanto isto.

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  2. As palavras têm a duração do seu impacto, às vezes, não é? Obrigado pelo comentário. :)

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