domingo, 27 de junho de 2010

Está Quase



Ontem, ao rever Aquele Querido Mês de Agosto rodeado de emigrantes portugueses, (uns já de há largos anos, outros noviços que apenas começam a sentir a comichão da distância), dei por mim a pensar em “realismo poético” português. Será?

Foi tão fácil sentar-me em 2008 numa sala de cinema de Lisboa e gostar do filme de Miguel Gomes pelas razões óbvias. Não quero ser mal interpretado, Aquele Querido Mês de Agosto não deixa de ser uma obra central nessa eterna demanda de aproximação público/cinema português.

Contudo, agora, visto a milhares de quilómetros, ganha um contorno de poesia cruel onde se prova que o olhar culto pode (e deve, mesmo) repoetizar o popular sem lhe extrair a dignidade. Dando-lhe apenas mais uma perspectiva. Entre muitas, tantas, possíveis.

Quanto de carne, destas maravilhosas encarnações de um mundo que (merda!) também é o meu, me trouxeram para um lugar do qual passei anos a tentar escapar. A minha morada sou eu e todos os minutos que vivi. Deslumbrado, revoltado, com vontade ora de entrar ora de sair, mas em que respirei. E por isso vivi.

Quero que Agosto chegue e depressa.

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