Nos caminhos mais íngremes, as respostas
mais certeiras. Pelo contrário, nos trilhos mais amenos, as perguntas mais
acesas. Disse-lhe que tinha jeito com pessoas, a palavra no lugar certo,
convidar as pessoas a bordo para o paraíso ou a borrasca. Rodeámos a igreja
enquanto falávamos de dons, aquilo que aquele que lá estava dentro nos dá, ou,
em acreditando, aquilo que a natureza nos oferta e nunca nos tira até ao sopro
final. Ela sabia do meu dom. Qual é? Interessa-nos
o dom como dádiva, compreender aquilo em que somos melhores a dar, a devolver,
pois receber tem tédio e não faz sair do lugar. O meu preto vai sempre à
frente, não quer saber de dádivas, já deu quase tudo. Chegar a casa é a prenda
do dia. A manhã ainda está quente, os caminhos ofegam com a falta de oxigénio
fresco. Ela diz-me que tenho de arranjar tempo, que é afinal um espaço, para contar
a toda a gente estes passos, estes passeios, com cheiro daquele presente que sempre
parte, mas que assim fica plantado no tempo, a florescer. No final da minha
outra extensão, o meu castanho aspira tudo com uma majestosa felicidade. Daqui
a um minuto regressaremos e ele sabe qual o nosso dom. Todos os dias, ao recebê-lo,
sorri.
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