segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Pardon my french, mas "La Gueule ouverte" do Pialat é uma obra prima porque não tem pudor em mostrar que a boca aberta de um morto é a mesma boca aberta de um vivo possuído pelas "pequenas mortes" dos corpos fornicadores. Os corpos fodem, os corpos são fodidos pelas doenças, a câmara manda foder a agitação do sentimentalista e permanece vigilante e quase extática. O marido é um porco, assedia e chora. O filho porco é, mas permanece e anda às voltas nessa dança, nesse ritual em que se espera o fim dos que amamos. Entretanto, fala-se de vinhos, de flores, de t-shirts amarelas coladas às maminhas e a morte encena-se junto de todos. Mise-en-scène de cadáver, num filme que não pára de fazer isso que a todos os cinéfilos excita: foder-lhes o juízo.

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