E eu cuspo sobre o seu caixão de veludo viscontiano...
“Não existe nada mais triste (mais
mesquinho e confortavelmente pequeno-burguês) que a atitude elitista (seletiva
e segregacionista) que consiste em bem utilizar a televisão: aquele que,
acreditando não ser ingênuo, acreditando escapar ao embrutecimento coletivo do
qual a televisão é supostamente o resultado massivo e contundente, a utiliza
com bons propósitos (quer dizer em dose pequenas, culturais e bem escolhidas),
esse erra: ele que rouba alta cultura de um ninho de cucos que ele despreza,
não entende patavinas do que faz a essência da cinefilia e do amor pelo cinema
(tela pequena, tela grande, mesmo combate); ele está atrasado mas em dia com as
humilhações que Philipp Morris faz passar os seus novos poetas-cigarros
(autores luxuosos do cinema de pacotilha que rebaixa os grandes boulevards a
olho nu), não tem nenhum desejo que não esteja direcionado por antecipação (um
só canal ao invés dos três das pessoas humildes), ele está morto, e eu cuspo
sobre o seu caixão de veludo viscontiano. Não é um problema de uso do tempo. É
um problema de uso da cabeça (...)”
Louis Skorecki - "Contre la nouvelle cinéphilie" (1978)
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