quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

adeus linguagem, olá 2015


No último dia do ano tive a ocasião de ver "Adieu au Langage" e hoje, já em 2015, pensava em como o Godard político é o Godard do interstício, é aquele que passa entre. As Histórias do Cinema são esse estranho vaticínio em que o cinema só na altura em que começou a elaborar a sua história (como um corpo moribundo cuja vida lhe passa num flash pouco antes de morrer, reflectindo sobre "o que deixei eu como herança?), só aí, dizia, é que o cinema pôde dar um passo em frente nos usos e significações. Também com este Adeus, que é mais um Ah Deus!, fico com a impressão que o adeus próprio do velhinho é o olá a algo que começa. Assim, não vejo nenhuma de ironia no prémio que irmanou com Dolan este ano em Cannes. Aliás, raras vezes terá o festival sido tão certeiro a perceber que ambas as gerações falam do mesmo "re-nascimento", naturalmente por meios diferentes. 

No último dia do ano de 2014, que é como quem diz um fim encostado a um novo início, pareceu-me a melhor maneira de saudar um (re) nascimento que começa com um adeus.

2015 começa assim: efusivamente e sem linguagem. Parece bem.

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