Expectativas. O sol vai nascer, o milho vai abrir. O universo expande-se, contrai-se, galáxias respiram no dorso do gato, na carteira vazia. O tempo adorna-se em seu silêncio, numa inquietude de grinalda. Um mar de gente com fome, uma planície de fome reclamando suaves prestações de espasmo. A estabilidade do dia reclamando espinhos, veludos, confirmações. Nomes e locais marcados em agendas, organização letal do fugaz. A flor espera, a pedra alcança. A cabeça da história com enxaquecas, o mundo atrasado, a frase expectante do seu termo. Vírgula arredondada, lápide gretada, o comum da vala minhoquenta. Rochas da sorte, escadas sem dispositivo de descida. Trago à baila uma conversa do tempo de Creta, um abraço imortal e a erosão da memória. Daqui a um minuto, daqui a uma pereira, nada. Riscar a agenda ao pôr do sol, cabelo de algas, um tolo a sorrir. Expectativas de uma luta, de um triunfo e pão com manteiga. Brindar o fim do dia com amores, licores, rancores multicolores. Selvagens da luta, uni-vos: é tempo de derrubar a civilização a golpes de delicadeza.
Que maravilha de prosa, Carlos! Foda-se, que maravilha!
ResponderEliminar:)*
"derrubar a civilização a golpes de delicadeza"
ResponderEliminarlindo!!!!
e o resto, também ;)
ResponderEliminarObrigado :)
ResponderEliminarsó mais uma coisinha,
ResponderEliminarde vez em quando (não tantas como gostaria) encontro algo e digo, porra, gostava de ter escrito isto
Porra, gostava de ter escrito isto.
(dito isto e para me me compensar, vou prá praia :) )
https://mas-o-texto.blogspot.com/2019/05/gol-pes-de-de-li-ca-de-za.html
ResponderEliminar_________
Luís,
eu é que gostava de ter escrito isto, logo, disse-o! :P
Sois uns exagerados. Nunca tinha ouvido nada escrito por mim assim declamado. Foi bonito e comovente. Obrigado, Alexandra :)
ResponderEliminarAh, mas repetirei, some other times :)
ResponderEliminarEscreves demasiao bem e pensas demasiado bem para que onão repita, Carlos :D