quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

the geranium didn't look like a flower



Um dos primeiros contos que Flannery O' Connor escreveu é sobre um gerânio e uma cidade com pessoas umas a olhar para as outras através das janelas dos prédios. O gerânio parte-se e com ele o passado: de uma pensão de velhas e caves definidas (sem corredores infinitos na horizontal ou escadas intermináveis como cavernas), de uma escravatura de caçadas mas sem palmadinhas nas costas do branco.

O presente surge assim já na velhice das flores partidas (que não são flores mas o rosto dos doentes ou a roupa alegre das velhas), das armas imaginárias e do ganhar alento para descer os degraus até à rua. Não se lá vai para reconstituir o gerânio despedaçado que caiu do parapeito da janela (vizinho descuidado) "with the roots in the air", mas para deixar que as costas sejas tapeadas pelo Outro subserviente, pela multidão de uma Nova Iorque acabada de sair de um postal.

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