O que é interessante em LOCKE de Steven Knight é destruir a ideia de que um filme onde se verifique a compressão espacial precise de uma outra tensão dramática espacial noutro sítio, invisível, que a compense. Destruir é uma palavra forte, pois o filme vive das incertezas familiares e morais do seu lockiano "contrato social". Ele apenas faz com que o espectador venha consigo medir a segurança das fundações, preparar-se para o cimento do erro e da incerteza. Por isso, nos momentos de maior aflição em que o espectador pensa, "epá e agora?", Knight corta para telefonemas menos urgentes do seu protagonista. A metáfora da construção, do edifício muito bem planeado que no momento de se concretizar pode vir a dar para o torto exige essa alternância entre desespero de acção e compasso de espera.
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