Além dos diversos triunfos platónicos ao longo da história - entre os quais, o cristianismo é o mais saliente - há um outro menos visível, o da condenação da escrita. Esta era atacada por Platão como o espaço de enfraquecimento da memória, mas por detrás desta objecção "mediática", existia uma luta subterrânea bem mais importante pelo sistema correcto de governo. Desta feita, quando hoje a escrita - que na sua génese é o espaço da "literariedade democrática"- se encontra encerrada em mecanismos de mercado (que ditam, invisivelmente, quem pode escrever, como e quando) é ainda essa desconfiança platónica quanto ao igualitarismo de quem podia/devia governar a cidade que está presente.
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