Sei que que neste momento estão já ansiosos por me ouvir falar do país, mas contenhamos a expectativa por uns instantes. Começo por uma confissão. Nunca gostei de filmes políticos, de punho no ar. E a minha razão, se bem a compreendo, tem a ver com isto: um filme auto-intitular-se político é a mesma coisa que alguém tentar provar que a chuva é molhada. E à custa de tanto o provar ficamos sequinhos que nem um bacalhau. Um filme político é uma tautologia e portanto a auto-referencialidade acaba – muitas mas não todas as vezes – por redundar em retórica. Mas dito isto, quando um filme procura opor (ou mais suavemente relacionar, roçar) a pila no país e o país na pila, então contem comigo. É o caso dos dois filmes que são objecto do improvável raccord deste mês: Deutschland im Herbst (Alemanha no Outono, 1978) de Alexander Kluge, Rainer Werner Fassbinder, Volker Schlöndorff (e outros) e Oxalá (1981) de António-Pedro Vasconcelos.
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