Quem anda atento ao panorama da programação cinematográfica nacional já deve concerteza ter reparado no excelente trabalho que o Cineclube de Braga tem vindo a apresentar já há mais de um ano. O projecto Lucky Star, com a benção de Frank Borzage, propõe-se dar a ver um filme todas as 3ª feiras à noite no Estaleiro Cultural de Velha a Branca. Por detrás deste projecto estão duas das pessoas que actualmente melhor escrevem sobre cinema no país, um deles inclusive tendo já colaborado com o site À pala de Walsh. Falo de João Palhares, cujos textos podem ler quer no site do Lucky Star, quer no seu blogue, Cine Resort, e de José Oliveira, também cineasta, programador e crítico que há já vários anos mantém o seu indispensável blogue Raging Bull.
Há uns meses tinha escrito sobre um projecto parecido em Famalicão, o "Close Up- Observatório Cinema" dirigido pelo programador Vítor Ribeiro. Quando digo parecido não falo de estruturas de programação ou conteúdos, e sim porque ambos parecem prosseguir dois objectivos que muito me sensibilizam. O primeiro, o de descentralização da oferta cinematográfica de Lisboa, lutando pela importância que o cinema deve ter em outras cidades do país. O segundo, a luta contra a "supermercadização" do cinema, trabalhando com eventos de dimensões "humanas"que procuram colocar os filmes e os espectadores no centro da equação. Mostrar filmes para ser vistos e discutidos por pessoas (não consumidores) e levar as pessoas até aos filmes.
No caso do Lucky Star, embora não tenha tido ainda a oportunidade de assistir a uma sessão in locu (algo que espero poder fazer em breve), posso destacar já outra característica. Além das sessões organizadas, a disponibilização dos textos contextualizadores e críticos no seu site, assim como a junção dos vídeos de apresentação, permitem que a actividade de programação se expanda para o online, atingindo um número maior de pessoas. A cinefilia sem fronteiras mas dotada de um pensamento de estrutura.
Passem também no seu canal de youtube, onde estão compilados estes vídeos, pérolas instantâneas para qualquer cinéfilo, nos quais nomes como Tag Galhagher, Craig Keller, Adriano Aprà ou Pierre Rissient apresentam e falam sobre os filmes escolhidos. E nem é preciso falar aqui dos filmes que compõe a programação, basta espreitar só o programa de Janeiro, ali em cima.
Do mundo para Braga, de Braga para o mundo: how lucky (star) are we?
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