Na minha ingenuidade sempre pensei que Of Mice and Men mais
tarde ou mais cedo se encontrasse com a expressão "somos homens ou
somos ratos?". Mas não. Quanto muito refere-se à dualidade rato pequeno
e esperto (a personagem de George) e homem só músculos e infantilidade
(Lennie). Mas nem isso estou certo. Quando Lennie afaga o rato morto no
início, este é um substituto para os idealizados coelhos (que não chegam
a ser como o amigo de James Stewart, Harvey) e para o pequeno cão que
lhe morrerá por excesso de carinho lá mais para o final. Se Lennie não
tem a inteligência suficiente para lidar de forma conveniente com seres
frágeis e pequenos (não mede a sua força) é porque ele próprio possui um
intelecto frágil. Talvez seja o verdadeiro significado dos mice
no romance de Steinbeck: a de que de homens e de ratos (ou força e
fragilidade, ou racionalidade e instinto) todos temos um pouco.
Interpretação forte para um romance sobre a fragilidade que acaba com o
criador a destruir a sua criatura. Ou, como eu não podia evitar, com
Jesus a aniquilar a sua própria equipa no último domingo. As dores de
pescoço nos últimos dias têm-me deixado à beira do delírio, parece.
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