Nesta que é a derradeira edição da minha crónica Raccords do Algoritmo fui levado pela mão de três mulheres que me deram a ver dois maravilhosos filmes e a ler um interessante livro. A Cíntia Gil que há umas semanas me apontava como uma as suas escolhas de 10 filmes marcantes o "Mourir à tue-tête" (Morrer de desespero, 1979) de Anne Claire Poirier, um filme sobre as múltiplas dimensões que nós, como sociedade, enfrentamos com a realidade da violação; a Mafalda Melo que tem estado embrenhada na retrospectiva que vai acontecer no IndieLisboa - 17.º Festival Internacional de Cinema sobre Ousmane Sembène, de quem vi "Moolaadé" (2004), obra prima de levar às lágrimas, sobre a excisão feminina numa aldeia senegalesa; e, por fim, a incrível Donna Haraway, cujo livro "Staying with the Trouble: Making Kin in the Chthulucene" me deu oportunidade de laçar o fim com chave de ouro, de ver a ligação entre o raccord e as suas string figures, movimentos de recomposição que descentralizam e descolonizam formas de pensar. Foram 24 edições intensas e muito gratificantes. Agradeço a quem ao longo destes tempos me foi lendo, concordando, discordando, em suma, "staying with the trouble".
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