«Por todo o lado, os animais desaparecem. Nos jardins zoológicos, constituem o monumento vivo da sua própria desaparição. (...) O jardim zoológico só pode ser uma decepção. O propósito declarado dos jardins zoológicos é dar aos visitantes a oportunidade de olharem os animais. Contudo, em nenhum lugar do jardim zoológico pode um estranho encontrar o olhar de um animal. No máximo, o olhar fixo do animal cintila sem se deter. Olham de lado. Olham cegamente além. Perscrutam mecanicamente. Foram imunizados a todo o encontro porque já nada pode ocupar um lugar central na sua atenção. Reside aí a derradeira consequência da sua marginalização. Aquele olhar entre o animal e o homem, que pode ter desempenhado um papel crucial no desenvolvimento da sociedade humana, e com o qual, em todo o caso, todo os homens viveram até há menos de um século, extinguiu-se. Olhando cada animal, o visitante desacompanhado do jardim zoológico está sozinho.»
John Berger
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