quarta-feira, 29 de julho de 2020
Sniff, sniff, stink, stink
Memória olfactiva. Meados da adolescência. Sala de cinema. A minha mãe deu-me dinheiro para ir ao cinema com um amigo. Chegámos cedo. A sala foi-se enchendo aos poucos. Ainda nos primeiros minutos de filme sinto um cheiro nauseabundo a invadir-me as narinas. Um gigantesco flato. Olho instantaneamente para o lado e o meu compincha confirma-me com o olhar: ele também o havia sentido. Como naquelas comédias onde o timing é certinho, olhamos os dois de imediato para a cadeira da frente. Um homem de grandes proporções parecia ser o suspeito. Minutos depois nova vaga de pum. Cheiro a couves, misturado com os efeitos visuais e sonoros do ecrã. Pensámos nesse momento em mudar de lugar. Impossível, o anfiteatro cheio. Sair? Além de termos de fazer levantar várias pessoas, não era certo que pudéssemos assim tão facilmente voltar noutra sessão. O que fizemos? Aguentámos. Se me perguntarem que filme era, não vos sei dizer. Apenas me recordo que o suspense da acção se havia deslocado do ecrã para a fila da frente: quantos minutos demoraria até ao próximo traque?
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