terça-feira, 21 de julho de 2020

Sobre Mysteries of Cinema - Reflections on Film Theory, History and Culture


Há já vários anos que procuro, dentro da medida do possível, ir seguindo o trabalho do Adrian Martin. Eu creio que o Adrian, para empregar uma expressão que uma vez ouvi ao André Dias (espero não estar enganado), é um daqueles autores que procura "trazer para a academia qualquer coisa da crítica e para a crítica algumas das preocupações da academia." Eu penso que essa postura, das pontes e das contaminações, em vez de uma assente em fracturas, "invejas" ou sobrancerias é muito mais útil ao cinema e à reflexão em torno dele. Neste livro, "Mysteries of Cinema - Reflections on Film Theory, History and Culture", que compila mais de 30 anos da escrita do Adrian, esse jogo da cinefilia-crítica-academia é enriquecida ainda com outra camada - decisiva, a meu ver. É a do homem que escreve. Do homem que vai gerindo a sua vida, tendo à sua frente milhares de espelhos mais ou menos distorcidos que são os filmes, e que vai contaminando (ou melhor, enriquecendo) os temas da sua investigação e olhar crítico, com as preocupações e o estilo do escritor. O escritor que utiliza o cinema, a imagem, como motor da sua expressão. Podem encontrar a minha recensão ao livro na Aniki: Revista Portuguesa da Imagem em Movimento, que tem nesta edição um excelente dossier temático sobre "Teoria dos Cineastas: uma abordagem para o estudo do cinema", coordenado por Manuela Penafria, Eduardo Baggio e André Graça. Um agradecimento aos editores deste número, em especial ao Jorge Palinhos pela paciência na edição do texto.

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