segunda-feira, 24 de julho de 2017

War for the Planet of the Apes




“War for the Planet of the Apes” é um bom exemplo de como o efeito Kuleshov se aplica ao cinema mainstream. O filme de Matt Reeves contém vários clichés, possui uma travessia do herói já muitas vezes decalcada no cinema de acção (um caminho para a vingança, uma perdição trocada pela salvaguarda da honra familiar) e tem até muitas explosões, tiros e montagem-disparo em vários momentos da aventura. Tem até mesmo uma certa visão spielgueriana do não humano, com as suas lágrimas à beira da queda e demais fofices anexas. Apesar de tudo isto, espanto dos espantos, a construção de César, uma personagem forte que guia este Apocalypse Now com macacos (ape-calypse now), acaba por criar laços suficientemente fortes com o espectador para que essas mesmas imagens, esses mesmos “já-vistos”, produzam algo de novo. Ou seja, como com a experiência de Kuleshov, a empatia humana (neste caso símio-humana) contextualiza a nossa recepção de uma moldura de um espectáculo de movimento, cor e explosão já tantas vezes vista e à qual outras tantas vezes produzimos um efeito de dessensitivação. “War for the Planet of the Apes” está longe de ser um grande filme mas ele percebe que qualquer apocalipse que seja para ser sentido por humanos, precisa dessa “imagem-extra” que é a construção de uma empatia/antipatia como um trilho que queiramos seguir, um interesse em observar a espectacular paisagem da aniquilação, do mundo, da raça, do que for.

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