Na televisão exploram-se os mortos, nas redes sociais exploram-se os exploradores, tudo movido pelo fogo, pelo suor da manhã, pelo calor da tragédia. Acordo sem saber se vou para o banho ou se vim dele, sinto-me seguro e algo culpado por essa segurança. Continua o arraial da realidade e proponho-me à tarefa de esquecer com o sabão das palavras. O apocalipse das imagens, os eucaliptos esfarelados, os gritos das inquisições injustas e naturais não arredam pé. Quando já nada há a fazer pelos que queimam excepto recordar e prestar a nossa homenagem, queimem-se as palavras também. Esperemos que da cinza renasçam coisas.
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