Joseph Gordon Levitt, o actor que parece digital mesmo em carne e osso. |
Assim
de memória acho que a única vez que Zemeckis acordou mal humorado na vida foi
quando vez Flight com
Denzel Washington (lá mais para o fim do filme lá voltava a ganhar as matizes
de um sorriso pós-ressaca) e, admito discussão aqui, quando pôs Harrison Ford e
Michelle Pfeiffer com medinho de fantasmas em What Lies Beneath. De resto tem alternado a
sua filmografia entre docinhos cinéfilos um tanto mais subtis para os
espectadores, digamos, "maduros", e bombas de glicose animada para os
mais irrequietos.
The Walk, em modo Amélie Poulain, é a oportunidade para Zemeckis continuar a filmar altitudes, com a sua câmara brinquedo a fazer malabarismos
e a pensar que a altitude pode ser um dos espectáculos do 3D. Mas tudo à volta do espectáculo é perfeitamente flat, sem vertigem, num tricotar
óbvio de suspiros e simbolismos baratos - o sentimento de ver outra vez as
antigas torres gémeas, os franceses em modo franciú, as piadas engraçadinhas.
Quando a história do funâmbulo Philippe Petit começa com um título
que diz algo como "... This is a True Story" os três pontinhos
antes denunciam que o parti pris do espectador deve ser o embevecimento. Como
se Zemekis nos desse uma deliciosa mousse e a encharcasse de mel, deixando
clara a diferença entre cinema leve e familiar e um ultra romantismo
anacrónico e francamente incomodativo. Ao pé de The Walk, Forrest Gump é um filme sóbrio.
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