Num texto sobre a passagem de Roma, città aperta de Rossellini na Gulbenkian no início dos anos 70, João Bénard da Costa conta como Langlois, perante o sucesso do filme, os gritos de liberdade e as lágrimas do público, lhe havia dito que "o país podia ser assim ou assado mas que dentro de bem pouco tempo muitas coisas se iriam passar". Já depois do 25 de Abril, Bénard perguntou a Langlois como é que ele, anos antes, tinha conseguido prever, pela reacção do público português ao filme de Rossellini, todo o golpe que se seguiria.
A resposta:
"Sabe - ripostou-me- o cinema mudo ensinou-me a ver muito. Não foi a algazarra que me impressionou, mas as caras das pessoas. As caras dos maus e as caras dos bons. (...) Le cinéma muet. Le cinéma muet."
Sem comentários:
Enviar um comentário