Chamou-me à sala para ver imagens de um filme que estreara há poucos dias. Os Salteadores da Arca Perdida, um acontecimento. No pequeno ecrã, a voz de Vasco Granja acompanhava uma estranha colagem: às imagens do filme sucediam-se pranchas de Tintim. Queres ir ver ao cinema? Não me lembro de ter respondido logo. Havia interditos. Eu não tinha ainda 12 anos, o filme era um filme de adultos. Mas, poucas semanas depois, lá fomos os dois. Berna, Caleidoscópio, Alvalade? O cinema começou numa sessão, de tarde, com a sequência de abertura a engolir-me na sala. Medo, mistério, espanto, excitação. Vi o filme tomado por estes sentimentos até à cena em que os vilões se derretem sob os efeitos especiais. Nesse momento, assustei-me, escondi os olhos. Foi então que ouvi as suas sonoras e inesperadas gargalhadas. Recompus-me de imediato, juntei-se ao seu riso. Sobrevivera à floresta, entrara no cinema.
José Marmeleira *
José Marmeleiro é actualmente crítico e jornalista nas áreas das artes, cinema e literatura no jornal "O Público".
José Marmeleira *
José Marmeleiro é actualmente crítico e jornalista nas áreas das artes, cinema e literatura no jornal "O Público".
Para saber mais sobre a rubrica Árvore da Cinefilia.
Edições anteriores: #1 Francisco Rocha.
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