O traço mais característico e impressionante do nosso povo é a sua consciência e a sua sede de justiça. Falsa vaidade, meter-se à frente, lutar para conseguir o primeiro lugar, sem ter em conta se se possuem ou não condições para o ocupar, não são defeitos que caracterizam o nosso povo. Desde que se levante a sua grosseira casca exterior e se observe com atenção, sem preconceitos, o que germina por baixo, descobrem-se nele qualidades insuspeitadas. Os nossos sábios não têm muito que lhe ensinar. Direi mais, os nossos sábios encontrariam muito que aprender no seu contacto.
(...)
Aliás, na prisão não havia grande estima pelo dinheiro nem pela riqueza, sobretudo se se considerarem os reclusos em conjunto. E mesmo, passando-os em revista um a um, não consigo recordar-me de ter visto um só humilhar-se pelo dinheiro.
in "Recordação da Casa dos Mortos", Fiódor Dostoiévski
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