segunda-feira, 13 de abril de 2020

Os Olhos do Farol (2010) Pedro Serrazina


Um dos mais belos filmes da animação portuguesa. É difícil não pensar em Epstein, nos ventos e tempestades de Le tempestaire (1947). O poder de controlo e descontrolo do mar e das suas raivas. Aqui uma menina que vive com o seu pai, faroleiro, também parece ter essa habilidade. A sua tristeza ou zanga eriçam os mares. O pai vive na sua quarentena física, encerrada numa torre, símbolo que uma quarentena emocional. Um passado que não sai à rua. A vastidão do areal e a prisão gradeada do farol opõem-se. Serrazina trabalha com a sobreposição de duas figuras femininas, com a simbologia do vermelho, com as sombras ancestrais da brincadeira da filha a serem evocações do passado, com o trauma como imagem fixa - pintura. As sugestões do seu talento parecem intermináveis. Mas são apenas quinze minutos de uma precisão absoluta para nos atingir violentamente no coração. 

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