sábado, 11 de abril de 2020

My Trip Abroad



“My Trip Abroad”, livro de memórias de uma viagem de férias de Chaplin à Europa no início dos anos 20, não me cativa por aí além. As descrições são sobretudo de passagens entre festas, almoços, jantares, travessias, impressões fugidias em ritmo rápido. Contudo há algo nas suas entrelinhas que vale todo o livro. Esta é afinal uma viagem em busca da solidão e do silêncio. Uma busca em vão, uma impossibilidade de fugir desse monstro devorador chamado multidão. Mas a coisa não é assim tão simples. Creio que é na passagem pela Alemanha, onde finalmente poucas pessoas o reconhecem, que Chaplin se revela afinal triste precisamente por isso, habituado que estava a vénias, salamaleques, pedidos e presentes. A fuga à confusão, que era afinal uma fuga de si próprio, revela-se uma tentativa frustrada de separar a persona no ecrã do homem. Mas quando passamos todo o tempo a ser a pessoa pública, até a pessoa privada sente falta dessa vida bigger than life.

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