Curioso que no espaço de dois dias és a segunda pessoa a meter-se comigo por causa do Cioran, que não conheço de todo, apenas vi esta citação que me disse alguma coisa num livro de Sloterdijk. Recomendas alguma coisa dele em particular? Tanta "publicidade negativa" deixa-me mais curioso do que o que já estava. Abc.
Do Cioran? Tudo. (mas larga essa bosta do Slocoisa). Só tem um problema. Um antigo professor, um classicista de renome mundial, disse-me a propósito de Kafka: só ler na Primavera, ou apaixonado. Exactamente o mesmo com o Cioran. Caso contrário, pegas no carro, vais até a um promontório e lançaste de cabeça lá para baixo. Isto tendo em conta que possuis alguma sanidade mental, o que não é o meu caso, que me farto de rir com o romeno.
Porém, deita o olho aos Píncaros do Desespero, à Tentação de Existir à Infelicidade de ter nascido, para começo. É pura música.
Comecei a ler Do inconveniente de ter nascido e, à cautela, vou hoje impedir-me de pôr gasóleo no carro. Seja como for, não me identifico com este pessimismo, não porque me queira sentir bem, mas porque não me faz muito sentido. Seja como for, já estou agarrado. Agora é esperar os efeitos do narcótico.
O meu conselho seria o de mijares de uma grande altitude para conceitos e correntes; os «ismos», sejam lá eles quais forem, são, tal como as ideologias, vestimentas para idiotas. A história cansa-se de o demonstrar. O que importa não é tanto o que se diz, mas como é dito - e, Deus nos ajude, depois de São Tomás, é difícil encontrar alguma coisa bem escrita no que à coisa da Filosofia diz respeito; que seja, pelo menos, boa literatura - raríssimo acontecimento, também.
E repara que o Cioran, tal como a maioria dos ditos pessimistas, andou a pregar o suicídio como único acto livre do homem e mais não sei quê, e fê-lo até morrer de causas naturais.
Sim, de acordo quando a isso das ideologias serem pregações perversas que querem puxar o mundo pelos cabelos. Já não vou tão longe quanto ao desconfiar da filosofia e dos seus "talentos literários". Seja como for o que tentava dizer era a forma como me relacionava com esta ideia do melhor que nos podia acontecer era estar antes do nosso nascimento. Mas sim percebo que tal esteja colocado como plano da literatura, embora eu tenha tentado fazer com este livro o que ele próprio nele escreve: lê-lo como uma porteira.
Epá não te metas nisso do Cioran.
ResponderEliminarCurioso que no espaço de dois dias és a segunda pessoa a meter-se comigo por causa do Cioran, que não conheço de todo, apenas vi esta citação que me disse alguma coisa num livro de Sloterdijk. Recomendas alguma coisa dele em particular? Tanta "publicidade negativa" deixa-me mais curioso do que o que já estava. Abc.
ResponderEliminar«O homem liberta um odor especial: de todos os animais, só ele cheira a cadáver.»
EliminarCioran, Do inconveniente de ter nascido
Do Cioran? Tudo. (mas larga essa bosta do Slocoisa). Só tem um problema. Um antigo professor, um classicista de renome mundial, disse-me a propósito de Kafka: só ler na Primavera, ou apaixonado. Exactamente o mesmo com o Cioran. Caso contrário, pegas no carro, vais até a um promontório e lançaste de cabeça lá para baixo. Isto tendo em conta que possuis alguma sanidade mental, o que não é o meu caso, que me farto de rir com o romeno.
ResponderEliminarPorém, deita o olho aos Píncaros do Desespero, à Tentação de Existir à Infelicidade de ter nascido, para começo. É pura música.
Comecei a ler Do inconveniente de ter nascido e, à cautela, vou hoje impedir-me de pôr gasóleo no carro. Seja como for, não me identifico com este pessimismo, não porque me queira sentir bem, mas porque não me faz muito sentido. Seja como for, já estou agarrado. Agora é esperar os efeitos do narcótico.
ResponderEliminarO meu conselho seria o de mijares de uma grande altitude para conceitos e correntes; os «ismos», sejam lá eles quais forem, são, tal como as ideologias, vestimentas para idiotas. A história cansa-se de o demonstrar. O que importa não é tanto o que se diz, mas como é dito - e, Deus nos ajude, depois de São Tomás, é difícil encontrar alguma coisa bem escrita no que à coisa da Filosofia diz respeito; que seja, pelo menos, boa literatura - raríssimo acontecimento, também.
ResponderEliminarE repara que o Cioran, tal como a maioria dos ditos pessimistas, andou a pregar o suicídio como único acto livre do homem e mais não sei quê, e fê-lo até morrer de causas naturais.
Sim, de acordo quando a isso das ideologias serem pregações perversas que querem puxar o mundo pelos cabelos. Já não vou tão longe quanto ao desconfiar da filosofia e dos seus "talentos literários". Seja como for o que tentava dizer era a forma como me relacionava com esta ideia do melhor que nos podia acontecer era estar antes do nosso nascimento. Mas sim percebo que tal esteja colocado como plano da literatura, embora eu tenha tentado fazer com este livro o que ele próprio nele escreve: lê-lo como uma porteira.
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