sexta-feira, 12 de junho de 2015

Todos os caminhos vão dar a Whitman


Eu que acreditava que o sobrenatural era quando nos devolviam um guarda-chuva que havíamos emprestado, como escrevia Ambrose Bierce, fiquei em crer que há mais do que se conta nesse fenómeno do bizarro. Então não é que começo a ler o Leaves of Grass do Whitman, e na véspera revejo o Young Mr. Lincoln do John Ford, e entretanto fiquei a saber que além de Whitman ter escrito um dos mais emblemáticos poemas sobre a morte do presidente norte-americano O Captain! My Captain!, também o seu When Lilacs Last in the Dooryard Bloom'd foi inspirado no clima de pesar que rodeou a América logo após a sua morte? Isso não é nada além de ignorância, dirão vós. Muito certo, ok, mas ontem morreu o Christopher Lee, ou como quem diz, o Conde Drácula. E agora, não é suficiente? Não? Então perguntem-me lá: quem é que serviu de modelo a Bram Stoker para a criação da figura do Drácula? Acertaram: Walt Whitman. Este era, segundo Stoker, o "quintessential male" que deveria dar forma ao porte, à alma, do conhecido conde. Eu avisei que isto tinha recortes insólitos semelhantes a vegetais bojudos nascidos e criados no Entroncamento.

(Claro que também podia ir pelo facto de que quando soube da morte do Christopher Lee pensei que tinha morrido um senhor aqui da rua que palmeia os cafés num vai e vem, de manhã à noite, a perguntar muito alto: "tem um cigarro?" É que é mesmo mesmo igual ao actor britânico a fazer de vampiro. Só que o Drácula das Laranjeiras, além de outros vícios, teve ao que parece um esgotamento cerebral, e senta-se todos os dias nas cadeiras desses mesmos cafés a desenhar oitos horizontais em pedaços de papel...)

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