Para além do empreendedorismo ter servido à política dos partidinhos para sacudir a água
do capote em todo este "roubo à moda antiga", há algo que por vezes
fica na sombra. O bom aluno da lição sobre o "bater do punho" (na verdade,
ele é o aluno medíocre de cabeça baixa e subserviente, que não sai da
literalidade da mensagem e não lê nas entrelinhas) não percebe da
obscenidade da sua tarefa. Não percebe que está a ser usado e que está a
proclamar um modelo de sucesso que, não sendo o seu mas o de uma
ideologia (uma ideologia que não o serve, mas antes dele se serve),
proclama o triunfo como um sorriso e um pé sobre a cabeça do outro derrotado,
do fraco que aceitou um não. O empreendedor é o Übermensch
da loja dos trezentos, que não entende que o sentimento de força que
vende como mais um produto de um yoga interior instantâneo, pseudo-revolucionário, é afinal uma máscara de vergonha que carrega, muitas vezes sem compreender que nem o privilégio de classe lhe assistiria a possibilidade
de trepar até onde desejaria: um palcozinho não de onde pudesse ver as
carecas dos fraquinhos, mas de onde estes o pudessem proclamar como ídolo
de barro em tempos de barro.
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