quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

Crítica de cinema e psicanálise da loja dos 300

Críticos que acham que conhecem a receita do bom cinema — Dona Dolores, eu sei que tem tido dores de costas e que atribui a maleita ao seu gato, mas sabe que o que lhe deveria doer mesmo eram as pernas e, se tivesse um cão (deveria adquiri-lo, já) era ele que, estou certo, seria o culpado delas. Não acha?

Críticos que se colocam à frente dos filmes — Dona Dolores, eu sei que tem tido dores de costas e que atribui a maleita ao seu gato mas isso não interessa nada, pois a mim não me dói nada e por isso a sua dor não faz sentido. Não acha?

Críticos que só veem os filmes pelo seu significado político — Dona Dolores, eu sei que tem tido dores de costas e que atribui a maleita ao seu gato mas sabe parece-me inamissível falar mal do seu gato, uma vez que se trata de um animal indefeso. E ainda mais admissível me parece uma vez que adquiriu apenas um gato: porque não uma gata também? As dores talvez se devam a um castigo pela discriminação, não acha?

Críticos que gostam de tudo — Dona Dolores, eu sei que tem tido dores de costas e que atribui a maleita ao seu gato mas tem que perceber que ter dores é tão importante quanto não ter, e que se a culpa é do seu gato, também poderia não o ser, mas ainda assim creio que está tudo bem, não acha?

Críticos que não gostam de nada — Dona Dolores, eu sei que tem tido dores de costas e que atribui a maleita ao seu gato mas não acha que isso de ter dores, de ter costas, de ter gato não é tudo uma grande chatice?

Críticos que só falam de narrativa — Dona Dolores, eu sei que tem tido dores de costas e que atribui a maleita ao seu gato mas conte-me antes tudo acerca da sua história de vida desde os 3 anos, para que eu possa devidamente achar à força a causa das suas dores de costas em factos da sua biografia.

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