Não, não estou embevecido pela carinha da Jean Simmons no "Angel Face", embora seja culpado de procurar obssessivamente stills das suas expressões no filme. Segundo parece ela tinha cortado o cabelo para irritar o Howard Hughes que, em final de contrato com ela, ainda queria usá-la em mais um filme antes do prazo terminar. Não teve sorte, usou peruca neste derradeiro Preminger para a RKO antes do realizador se tornar produtor independente. Um filme sobre um anjo de cara fria, um pequeno demónio tentador para Mitchum, acenando vagamente a bandeirinha da psicanálise e do incesto às audiências dos anos 50. Mas o mais extraordinário para mim é que seria fácil a Simmons, ainda para mais contrariada no projecto, trabalhar a oposição superficial: expressão de inocente por fora, demónio sem escrúpulos por dentro. Não é isso contudo o que faz Simmons, ela vai oscilando entre o ar alheado, o olhar frio, a face arrependida, a mulher martirizada, a bitch maléfica, a filha calculista, a jovem birrenta e desejosa do corpo de Mitchum. São muitas hipóteses e não é nenhuma afinal. Nunca ninguém há-de saber o que sentia em relação a todas aquelas personagens (paizinho "querido" incluído). Por isso é que aquele abismo final, no qual Preminger faz cair sucessivamente todas as personagens, é afinal o poço inesgotável das expressões de Simmons. Um anjo nas profundezas, um demónio nas alturas.
praiza Simmons (como é costume, não vi nada, e nãoo sinto culpa alguma por não ter visto, mas tenho vontade de ver :)
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(muitos anos a cuidar de duas filhas e a trabalhar como uma moura dão nisto, que começou numa cinéfila empedernida :)
Se quando tiver filhos deixar de poder ler e ver filmes, Senhor leva-me já :)
ResponderEliminarNão digas isso, Carlos, terás sempre o Paulo Varela Gomes (e não brinco :)
ResponderEliminarE um beijo, que és das pessoas blogueiras/istas/whatever que mais prezo :)*
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ah, E NADA DE SENHORES COM MAIÚSCULA :p
Estava a brincar mas de facto as obrigações familiares tiram-nos tempo, tempo esse que ganhamos de outra forma. Caraças, não posso gastar mais dinheiro em livros este ano. Resolução para 2017: comprar um livro do PVG. beijinhos
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