Jeremy Saulnier é um realizador talentoso. Não lhe conheço um mau filme, mesmo Green Room — o seu filme mais visto, e talvez o menos conseguido (não vi Murder Party de 2017) — tinha pormenores interessantes, nomeadamente aquele bonito final, em formato trela, do vaivem de um cão que, mesmo sacrificado, vem para estar junto do seu dono antes de morrer. Hold the Dark retoma, de certa forma, o tema de Blue Ruin (2013), a vingança, e trá-lo para o Alaska. Filme de uma respiração marcada, que vai ora bebendo destes últimos thrillers que surfam a onda da gestão das expectativas e do minimalismo ambiental (por exemplo, A Quiet Place, ou mesmo, You Were Never Really Here), ora entra nesta lógica da observação da comunidade fechada (The Witch, The Endless, The Sacrament). Marcado ainda na gestão do detalhe subtil e do sangue, da surpresa narrativa que logo dá lugar a uma violência inesperada. Tudo conduzida pela calma apaziguadora do belo actor que é Jeffrey Wright, trazendo calor ao filme, ajudando-o a dar-nos um certo conforto, um "estar em casa" mesmo no extremo da natureza e do trágico. Também dá para pensar em The Thing e em Fargo, mas o que eu gostava de ver era um double bill com a obra prima Track of the Cat, do Wellman.
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