domingo, 4 de setembro de 2016

Criatura

Chega cá criatura,
E repousa neste paradoxo de algodão.
Diz-me: como é suave a contradição?
Habita essa casa que ora aproxima, ora afasta
Cria-dura, e conta-me:
É duro tudo o que dura?

Sabes bem que o que abriga esconde
E o que esconde prende.
Mas criatura, fura.
Vive além da existência pura.
Para lá dessa morada onde
o ar da certeza jaz e cura.

Eis-te de patas à beira-mar,
E ao longe, aceso o contra-senso.
Um paradoxo parad’osso 
que mói a consciência e afina a solidão.
Mas criatura, jura. Vive além do que
repele e repuxa, do enigma que mura.

Ou então, ao menos, vai-te criatura!
Sai para a rua! Respira esse aço paradoxal!
E sê antes
cria-tua.

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