Não é justo criticar-se uma sátira por aquilo que não é capaz de fazer. Capitão Falcão
não tem o alcance de querer chegar-se aos problemas do Portugal
contemporâneo mas cada um é dono e senhor das suas ressonâncias. Estamos
todos precisados de filmes "sérios" mas o crivo dessa seriedade não
pode servir para cortar as asas do pequeno mundo da fantasia ácida. O
filme de João Leitão, caso de perseverança de uma visão, encerra muito
bem as paredes da sua ficção, joga com as suas referências, achincalha
os lugares comuns de um portugalzinho comedido em que não se mexia muito
para não se suar. Fazendo isto, o que já é muito, fecha-se para se ter à
mão uma granadinha para cada vez que re-aparecerem os velhos do Restelo
da autoridade e da vida com princípios-barras-de-ferro. Mais: o herói
salazarento deixa ver através dele um lado b do cinema português, entre o
que de melhor temos e o que de pior temos (Gaiolas, Tretas, Paparazos).
Não endeuso, nem demonizo, apenas digo que se todos os "pequenos" e
comerciais filmes fossem assim...
Conversas à pala com o próprio capitão e com o "pai" dele, aqui.
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