segunda-feira, 27 de abril de 2015

Capitão Falcão

Não é justo criticar-se uma sátira por aquilo que não é capaz de fazer. Capitão Falcão não tem o alcance de querer chegar-se aos problemas do Portugal contemporâneo mas cada um é dono e senhor das suas ressonâncias. Estamos todos precisados de filmes "sérios" mas o crivo dessa seriedade não pode servir para cortar as asas do pequeno mundo da fantasia ácida. O filme de João Leitão, caso de perseverança de uma visão, encerra muito bem as paredes da sua ficção, joga com as suas referências, achincalha os lugares comuns de um portugalzinho comedido em que não se mexia muito para não se suar. Fazendo isto, o que já é muito, fecha-se para se ter à mão uma granadinha para cada vez que re-aparecerem os velhos do Restelo da autoridade e da vida com princípios-barras-de-ferro. Mais: o herói salazarento deixa ver através dele um lado b do cinema português, entre o que de melhor temos e o que de pior temos (Gaiolas, Tretas, Paparazos). Não endeuso, nem demonizo, apenas digo que se todos os "pequenos" e comerciais filmes fossem assim...    

Conversas à pala com o próprio capitão e com o "pai" dele, aqui.

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